Este blog é uma ferramenta indispensável para divulgar meu trabalho e para um enriquecimento dos que se dedicam a pesquisa em educação.

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OLIVEIRA, Michele Pereira. www.educacaoeinclusao.blogspot.com
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sexta-feira, 9 de maio de 2008

EDUCAÇÃO INCLUSIVA - UMA NECESSIDADE IMEDIATA


RESUMO

Este trabalho investiga uma questão bastante polêmica entre os educadores hoje em dia: a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Desmistificar a inclusão nas escolas, torna-la acessível e possível a todos, enxerga-la como cotidiana, necessária, presente, e como uma questão de igualdade de direitos, uma vez que todos têm direitos iguais assegurados por lei, é um desafio da sociedade atual que busca tornar a sala de aula um ambiente prazeroso, dedicado à educação sem exclusão e isso é um dever e uma necessidade para a construção de uma sociedade justa e igualitária, onde a segregação não tem espaço. Incluir não é só um direito é uma necessidade social e um grande desafio para todos os educadores que se dedicam a educar sem distinção e com compromisso. Incluir é colocar os alunos frente a frente com uma realidade de diferenças mas de iguais direitos, é o que enfoca inicialmente este estudo, a seguir perpassa pelos desafios da inclusão social nos tempos de hoje, enfocando os papéis da escola, do professor e da família, e por fim os procedimentos didáticos a fim de facilitar a aprendizagem na educação inclusiva.

Palavras-chave: inclusão, educação inclusiva, aprendizagem, igualdade de direitos.
1- INTRODUÇÃO.

Incluir, antes de mais nada, é garantir a igualdade no sentido mais amplo da palavra, a todos, sem distinção de raça, de crença, de culturas, de deficiências.
No Brasil, cerca de 10% da população tem necessidades especiais, e mais da metade dos casos pode ser evitada com assistência médica adequada no pré-natal, no momento do parto, nas doenças infantis, em acidentes, etc. Todos, independentes de suas deficiências ou não, de suas necessidades especiais educacionais advindas de deficiências ou de problemas comportamentais ou relacionais tem direitos à educação garantidos por Lei.
É uma árdua batalha garantir que todos tenham direitos educacionais assegurados, que as escolas sejam adaptadas para receber e acolher a todos, que os professores recebam e acolham todos os alunos de sua classe como iguais, com a mesma dedicação, respeito e competência.
É a partir da inclusão social que se torna possível uma sociedade igualitária, justa, mais consciente de seus direitos e deveres.
Esse estudo é composto de 11 capítulos.O primeiro diz respeito da Educação Inclusiva, no segundo pretende-se mostrar que a inclusão é uma necessidade e um desafio,na seqüência, enfoca-se o papel da escola na educação, o professor na educação inclusiva, a escola e a inclusão, as principais características das escolas inclusivas, as atitudes inclusivas fundamentais em educação, o papel da família no processo inclusivo.
Prosseguindo, aborda-se sobre as atitudes inclusivas fundamentais em educação, a necessidade da inclusão para educar-se e finaliza mostrando como as brincadeiras e os jogos podem facilitar o processo de aprendizagem e inclusão em uma sala de aula.


2- CONCEITOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

A educação inclusiva tem como meta inserir pessoas com deficiência ou com distúrbio de aprendizagem nas instituições de ensino, preferencialmente na rede regular de ensino, abrangendo todos as suas modalidades, de acordo com a potencialidade máxima de ensino que o aluno especial poderá atingir. Na década de 90 houve o surgimento do movimento inclusivo na escola e a ampliação do acesso das pessoas com deficiências na rede regular de ensino, assegurado por leis como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 e a Constituição Federal de 1988 entre outras, estabelecendo o direito de acesso e a permanência no sistema de ensino de qualidade. Como destaca Mantoan (2003) a inclusão não ocorre apenas com a efetivação da matrícula de forma segmentada do ensino, abrangendo sua divisão na modalidade regular e especial, ocorrendo desta forma uma divisão da potencialidade de ensino-aprendizagem dos alunos, acarretando a exclusão dos alunos com deficiência e a ausência de sua inserção na rede regular de ensino de qualidade.
Sendo necessário reestruturar o sistema de ensino para que se possa efetivar a educação inclusiva, visando desta forma implementar medidas que assegurem a devida capacitação dos professores que irão desenvolver o processo e ensino-aprendizagem e o apoio técnico especializado na área de educação especial para a devida orientação dos professores, visando atingir o processo de ensino de forma satisfatória. Os conteúdos a serem abordados no currículo deverão ser os mesmos para os alunos portadores de necessidades especiais, mas deverão ser diferenciados os recursos didáticos e a metodologia que deverá ser empregada de acordo com as potencialidades apresentadas pelos alunos especiais, juntamente com a elaboração e analise das avaliações aplicadas a estes alunos. Possibilitando ao professor identificar as dificuldades existentes de cada aluno de forma particular, visando pesquisar e discutir de forma participativa, com todos os integrantes da escola, estratégias eficazes que possam amenizar as dificuldades apresentadas visando desenvolver a potencialidade do aluno.

O trabalho coletivo em sala de aula é extremamente importante para o processo de socialização dos alunos podendo desta forma trabalhar em grupo os conteúdos abordados em sala, de maneira a propiciar a interação dos alunos deficientes aos alunos sem deficiência, propiciando a trocar de conhecimento, as brincadeiras, a aceitação e a convivência natural, possibilitando sua integração plena no ensino regular.
O movimento nacional que visa a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na escola de ensino regular representa o compromisso e o cumprimento das Leis previstas na Constituição Federal que visam o princípio da igualdade de direitos e oportunidades educacionais para todos (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006).
Desde a Constituição Federal de 1988 e durante a última década, nosso país registrou grandes avanços em relação à legislação, recomendações e diretrizes que asseguram os direitos sociais e a inclusão das pessoas com deficiência, na escola, no trabalho e na sociedade. Esses documentos, preconizam a inclusão, e propõem uma parceria onde a colaboração conjunta entre União, Estados e Municípios na implementação de ações intersetoriais que viabilizam uma educação voltada para o atendimento às necessidades educacionais especiais decorrentes ou não de deficiências fazem toda a diferença nos movimentos voltados à Inclusão Social e fortalecem os princípios da não segregação. Houve significativa evolução conceitual e recomendações aos sistemas de ensino para a necessidade de se organizarem, se estruturarem e elaborarem projetos pedagógicos que valorizem a participação efetiva da família, da comunidade escolar e das instituições especializadas para que atuam como suporte à escolarização realizadas pela rede regular de ensino a fim de que unindo forças e trabalhando conjuntamente, os resultados sejam otimizados (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006).

3- INCLUIR – UMA NOVA NECESSIDADE E UM DESAFIO

Pela inclusão pode-se experimentar novas possibilidades que vão originar um conjunto de ações de inclusão, que podem ser impostas ou bem articuladas e trabalhadas, e que se originam de relações professor-aluno-cultura escolar, próprios do contexto educacional em que se vive e da sua realidade. Essa observação – análise e elaboração de estratégias próprias, de cada escola e de cada professor, a partir de sua realidade, de suas experiências, de sua formação e convicções transformam-se em saberes novos que irão auxiliar na construção de uma didática para o trabalho de inclusão. Não são saberes novos como se não existissem antes, o que é novo são as dimensões e conotações que assumem diante de uma realidade nova de inclusão.
A partir das novas características apontadas e de uma didática moldada no viés das necessidades inclusivas, os saberes que nascem da busca de incluir o aluno com deficiência, são saberes novos, construídos, dispersos, diferenciados, às vezes contraditórios, e que podem ser mais ou menos favorecedores de um desenvolvimento mais harmônico e com resultados mais positivos do educando .
Zaidan (2007), destaca alguns aspectos importantes que a análise dos novos saberes experienciais, construídos pelos professores engajados na prática da educação inclusiva, permite identificar:
Os saberes experienciais e uma nova cultura escolar com inclusão educacional, implica em uma organização mais articulada do trabalho docente, uma busca por novas práticas facilitadoras da aprendizagem e direcionadas a atender a realidade dos alunos inseridos em sua sala de aula, a convivência com a diversidade, a valorização da socialização e da igualdade e um ensino que se apresenta relacionado a outros conhecimentos.
Os saberes experienciais e a ética profissional, é a interação e envolvimento e comprometimento do professor, com contextos de inovação pedagógica, especialmente envolto em práticas sociais de inclusão das camadas populares à escolarização igualitária, é mais que aceitar as diversidades, é visualizar e tratar o aluno como sujeito social, que tem memória/história, que tem raça, sexo e cultura, diferenças e afinidades.
Os saberes experienciais e os demais saberes docentes. reconhecem que os saberes experienciais se relacionam com os demais saberes e proporcionam trocas enriquecedoras, e inter relacionam-se na prática. Reconhecem, ainda, que os saberes experienciais são como “filtros catalizadores” em relação aos demais saberes, na expressão prática e até oral dos docentes. (ZAIDAN, 2007)
No processo em que se vivencia uma proposta inclusiva de educação é possível se destacar que há uma nova abordagem educacional feita pelos professores que deve ser baseado na realidade de cada indivíduo, bem como na realidade social do aluno a ser incluído, o que sugere um ensino em movimento, que se transforma, e adapta-se de acordo com as necessidades que forem surgindo (ZAIDAN, 2007).
De acordo com Zaidan (2007), é portanto, essencial destacar que o professor precisa se sensibilizar, se preparar e ampliar o seu “olhar” sobre a educação e sobre o papel desta, a partir daí terá modificado o seu “lugar” na escola, deixando de ser um professor que somente, preocupa-se com as suas aulas e assume o lugar de um professor engajado numa realidade escolar, num projeto pedagógico educacional que é direito de todos.
De acordo com o Ministério da Educação (2006, p. 19) ...”é necessário que o projeto pedagógico envolva toda a comunidade escolar na discussão das necessidades, possibilidades e dificuldades do aluno e da escola, de forma a promover um ambiente que contemple os diferentes estilos de aprendizagem, interação e participação dos alunos.”
D’Ambrósio (1986) afirma que ensinar, em geral, é uma ação pedagógica que visa o aprimoramento, o aperfeiçoamento e o crescimento do binômio professor / aluno, mediante múltiplos enfoques, da ação de educar e ser educado, exercida no sistema educacional de maneira mais direta e característica, qual seja a forma por excelência dessa ação, isto é, o trabalho na sala de aula.
É através da educação que se atinge um aperfeiçoamento moral e político dos praticantes da ação (agente – professor e paciente – aluno), mediante o manejo de conhecimentos gerais. Moral e político no seu sentido mais amplo, encarando o homem na plenitude da ânsia de satisfação de suas questões internas e externas, como indivíduo ou como membro de um grupo social.
“.....É no processo de unir a realidade à ação que se insere o individuo”.(D’AMBRÓSIO, 1986, p.38).
À partir do movimento pela escola inclusiva, torna-se possível a construção de uma visão ampliada e humanista sobre a educação, e uma nova qualidade de formação dos educandos está sendo demandada na educação básica. Torna-se necessário que os conhecimentos sejam re-significados, significativos, desafiantes e inseridos nos processos de desenvolvimento e nos contextos individuais dos alunos, sejam eles crianças ou adolescentes.(ZAIDAN, 2007)
Barth (1993) destaca que, tradicionalmente, saber ensinar é saber expor conteúdos bem estruturados pelo professor.
Complementando, Fiorentini (1994, p.38) apresenta a idéia de que ”... por trás de cada modo de ensinar, esconde-se uma particular concepção de aprendizagem, de ensino e de educação”.
De acordo com D’Ambrósio (1986) para uma educação eficiente, deve o professor examinar seus objetivos a serem atingidos no período em que os alunos estão a ele confiados, e qual o método que será empregado para conduzir a prática pedagógica que ele adotará a fim de maximizar os resultados. O simples desfiar de um conteúdo não permitirá à prática pedagógica a dinâmica adequada para que se possa dizer que o processo ensino-aprendizagem se realizou plenamente uma vez que é preciso integrar nesse processo, conteúdos, objetivos e métodos às considerações de natureza sócio-cultural que estão permanentemente em jogo.
Para tanto, deve o professor ouvir mais, pois o aluno tem muito a dizer sobre suas expectativas e algumas resistências em expressar-se com relação a essas expectativas, por isso cabe ao professor reconhecer aí os grandes motivadores da presença do aluno na escola e melhor escolher os conteúdos que satisfaçam essas expectativas e naturalmente utilizar os métodos mais convenientes para conduzir a prática com relação a esses objetivos e os conteúdos adequados traduz o grande desafio do professor (D’AMBRÓSIO, 1986).
Tardif; Lessar e Lahayet (1991) afirmam que professor não é apenas um mero transmissor dos conhecimentos já constituídos, e o saber docente é um saber plural, vasto e em movimento e se compõe de vários saberes provenientes de diferentes fontes, de diferentes necessidades e realidades, apontando os saberes provenientes da experiência, que “... brotam da experiência e são por ela validados” (p.219-220). Os saberes experienciais, são vivenciados e adquiridos na prática docente diárias, atualizados e re-atualizados e não provêm das instituições de formação e nem do currículo. Não são teorias, são saberes práticos, vivenciados, aprendidos, transformados: adquiridos; e não da prática “...eles formam um conjunto de representações a partir das quais o(a)s professores(as) interpretam, compreendem e orientam sua profissão e sua prática cotidiana em todas as suas dimensões. Eles constituem, poder-se-ia dizer, a cultura docente em ação.” (p.228) Analisam os autores que os saberes experienciais são construídos a partir das vivências diárias de realidades diferentes e da tentativa própria do docente de enfrentar as limitações da prática e construir uma prática nova, baseada na vivência diária da sala de aula e que possibilitem uma maior grau de aprendizagem. Esses saberes constituem-se de práticas próprias e características de cada professor, marcada em seus estilos individuais de ensinar e que são traços de suas personalidades, que expressam, então um saber-ser e um saber-fazer pessoais e profissionais validados pelo trabalho cotidiano.
De acordo com Santos (1961); Iracema (2002), para melhorar o processo de aprendizagem, o professor deve:

- realizar o ensino, parte por parte, não passando adiante antes que os alunos assimilem e dominem as noções passadas e tenham auto confiança no aprendizado;
- motivar os alunos com situações problemas da vida cotidiana, relacionando-as com as necessidades e interesses das crianças;
- incluir jogos no processo de ensino, uma vez que os jogos são grandes auxiliares na prática escolar, mas nunca antes de passar o conteúdo e que esse esteja assimilado, uma vez que o jogo proporciona uma melhor fixação do conteúdo;
- insistir e se dedicar mais aos conteúdos com maior grau de dificuldade e investir nas dificuldades apresentadas em cada matéria a fim de esgotá-la ;
- lançar mão de recursos didáticos acessíveis e que tornem o processo de aprendizagem divertido, simplificado e acessível;
- identificar as dificuldades relacionadas com cada matéria e tentar trazê-las à luz da realidade com exemplos práticos e claros;
- estimular o raciocínio e o pensamento independentes;
- despertar a observação das crianças para coisas e formas que estão presentes em seu cotidiano e;

Para Sardella e Matta, (1985), o professor deve estimular, aguçar a curiosidade e o interesse do aluno, a fim de que ele explore novas idéias na busca e na e descoberta de novos caminhos.
Para Cristina (2007), a formação de professores precisa valorizar o estimulo a capacidade de pensar, refletir, aprender a aprender, relacionar o conhecimento com dados da experiência diária, estabelecer relação entre teoria e prática, fundamentando criticamente com base em fatos do cotidiano e transformar todo esse caldeirão de informações em uma prática diária que se torne acessível a todos a fim de minimizar os déficits de aprendizagem .

4- DO PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO

Conforme postula Oliveira (2002) o que a escola faz, de maneira essencial e fundamental, é aquilo que circula no seu interior, como sua atividade principal, como sua matéria-prima fundamental: “o currículo“ que deve ser seguido como base da construção das atividades a serem expostas em uma sala de aula.. O currículo é o instrumento através do qual a escola vai preparar o indivíduo para o exercício da cidadania.

O currículo por sua vez é o conjunto de conteúdos selecionados e organizados metodologicamente de tal forma que estejam adequados:

- à realidade social;
- à natureza dos conhecimentos;
- às necessidades e potencialidades dos alunos.

Cabe destacar que o cumprimento das necessidades educacionais está compreendida na divisão de currículos, assim, podemos distinguir entre currículo recomendado, o currículo implementado e o alcançado. Pelo currículo recomendado entende-se aquele planejado em nível nacional, regional ou local pelos comitês e consultores de currículo e codificados nos guias de currículo. O currículo implementado é aquele contido nos vários textos e materiais selecionados e aprovados para a utilização das escolas, material de apoio, que auxilia na exposição da matéria dada, e a forma como são comunicados aos alunos pelos professores nas salas de aula. O currículo alcançado é aquele aprendido e assimilado pelos alunos, ou seja, os resultados obtidos pelos alunos.
Com essa organização, busca-se o alcance dos objetivos educacionais, que em última instância, levam à formação da cidadania (OLIVEIRA, 2002).
Porém esse currículo deve respeitar e afinar-se as limitações organizacionais de classe, da escola e da cultura, e essas limitações modelam em grande parte direcionando o processo de ensino - aprendizagem, mas não determinam completamente como os professores devem ensinar, adaptando-se a essas limitações organizacionais, os professores inventaram uma pedagogia prática que é planejada para corresponder às suas convicções e à prática da sala de aula bem como as necessidades da classe e de cada aluno em especial (OLIVEIRA, 2002).

Toda escola deve obedecer a uma orientação pedagógica que segundo Oliveira (2002) deve estar fundamentada nos seguintes aspectos:

- respeitar a identidade cultural do aluno;
- a apropriação, seleção e produção de conhecimentos relevantes e significativos para o aluno, a fim de reforçar a capacidade crítica, na perspectiva de compreensão e transformação da realidade social;
- a mudança da compreensão do que é ensinar e aprender;
- o estímulo e incentivo à curiosidade e criatividade do aluno;
- a democratização e humanização das relações na escola visando a igualdade de direitos;
- o desenvolvimento do trabalho coletivo na escola;
- o resgate da identidade do educador;
- a interação comunidade-famíllia-escola como espaço de valorização e recriação da cultura popular bem como fortalecimento das forças da educação.

Seguindo esses tópicos o conjunto escola/professor poderá promover um aprendizado significativo, ligado à realidade, capaz de superar as dificuldades e as diferenças e favorecerá uma construção do conhecimento centrada no educando e na formação de um cidadão mais ligado a ações sociais.
No contexto da educação especial Mantoan (2001), define como objetivos de currículos baseados nas diferenças em favor da educação inclusiva:

→ ajudar as crianças a desenvolver identidades positivas de gênero, raça, cultura, de classe e individual, reconhecer e aceitar sua participação como membros de muitos grupos diferentes e reforçar a interação positiva das diferenças;
→ capacitar crianças a se enxergarem como parte e participantes da sociedade mais ampla; identifica-se e relacionar-se com pessoas de outros grupos;
→ estimular o respeito e a apreciação pelas diversas maneiras de viver de outras pessoas, estimular a convivência e o bem viver com as diferenças;
→ encorajar, nos primeiros relacionamentos sociais das crianças pequenas, uma abertura e um interesse nos outros, uma disposição para incluir os outros e um desejo de cooperação;
→ promover o desenvolvimento de uma consistência realista despojada de preconceitos, da sociedade contemporânea, um sentido de responsabilidade social e um interesse ativo que se estenda além da família ou do grupo da própria pessoa;
→ capacitar as crianças para se tornarem analistas, críticos e ativistas autônomas e críticas em seus ambientes sociais;
→ apoiar o desenvolvimento de habilidades educacionais e sociais necessárias para que as crianças se tornem participantes plenas da sociedade mais ampla, de maneira adequada aos estilos, às orientações culturais e à origem lingüística individuais;
→ promover relacionamentos recíprocos entre escolas e famílias, a partir da interação desses dois pólos, a educação se dá com maior facilidade.

De acordo com a LDB em seu art.32, o objetivo do ensino é a formação básica do cidadão, mediante:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno desenvolvimento da leitura, da escrita e do cálculo;
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV – o desenvolvimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
É de extrema importância ressaltar que a escola, para a maioria das crianças brasileiras, é o único espaço de acesso aos conhecimentos universais e sistematizados, ou seja, é a instituição que vai lhe proporcionar meios de se desenvolver e de se tornar um cidadão crítico, capacitado e competitivo, alguém com identidade social e cultural.
Melhorar as condições da escola, é formar gerações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreira (MANTOAN, 2001, p. 51).

5- O PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Atualmente, a discussão sobre a construção de uma sociedade que respeite os direitos humanos e, portanto, seja inclusiva, vem ganhando força e conquistando espaço. Um novo paradigma está sendo construído, decorrente da necessidade de tornar a sociedade mais justa e igualitária, essa necessidade abriu as portas para a educação inclusiva . A educação, neste contexto, vem respeitando as diferenças culturais, sociais, físicas, religiosas, raciais e as necessidades especiais de aprendizagem individuais de cada aluno (CRISTINA, 2007).
A política de educação inclusiva consolidou-se a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, Lei nº 9394 de 1996), que, no artigo 58, estabelece que a educação especial deve ser oferecida no ensino regular para os alunos com necessidades educacionais especiais. No artigo 59, estabelece a reorganização social para atendimento das pessoas com igualdade, nas mais complexas e diversas diferenças, físicas ou cognitivas.
A inclusão é a aceitação de todos e de todas as diversidades na sala de aula, mas isso só ocorrerá mediante sua reestruturação cultural, pedagógica e administrativa. O movimento atual da educação inclusiva tem suas bases na formação integral do ser, mediante o pleno exercício da cidadania dentro da diversidade social na qual estamos inseridos. Sua proposta baseia-se na luta pela igualdade de oportunidades para as minorias, na busca de seus direitos enquanto seres humanos e cidadãos. (CRISTINA, 2007)
Todo o aparato legal de inclusão proporcionou grande impacto no meio escolar, provocando mudanças nas instituições, entre pais, alunos, diretores, coordenadores, professores e funcionários em geral, e também muitas dúvidas quanto à sua compreensão e implementação e manutenção. Antigos preconceitos, valores, velhos paradigmas e resistências ocultam essa inovação necessária, tanto na dimensão pedagógica, cultural, social quanto humanitária.
A educação deve estar solidificada em conceitos onde os alunos façam parte da vida escolar e comunitária, em que a diversidade seja reconhecida, aceita e respeitada em todas as suas dimensões, visando assim à efetivação da aprendizagem e promovendo o sucesso escolar de todos os alunos sejam eles alunos portadores de deficiências, dificuldades relacionais, ou não.
Sobre a questão da educação inclusiva e seus benefícios, Mantoan (1997, p. 8) assim se expressa:

“............De certo que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino especializado no aluno, mas não se consegue implantar uma opção de inserção tão revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior: o que recai sobre o fator humano. Os recursos físicos e os meios materiais para a efetivação de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação, na escola, exigindo mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se efetivar os processos de ensino e aprendizagem: inclusão!.....”

Capellini (2001), afirma que a educação inclusiva não se limita em incluir a todos, mas julga que há necessidade de enfatizar, na educação inclusiva, os estudos sobre o tema para garantir uma melhoria da qualidade da formação dos profissionais da educação (inicial e continuada), juntamente com uma revisão do papel político-social da escola, juntamente com a provisão e previsão de recursos, parcerias com a família e a comunidade a fim de se garantir que a inclusão não seja apenas teórica.
Para a consolidação e garantia da educação inclusiva, é necessária uma formação, inicial direcionada e continuada, que possibilite ao professor articular o estudo ao repensar e ao re-significar sua prática pedagógica, com condições para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de pesquisas, e preciso que o professor tenha vontade e disposição para se aprofundar no assunto, construir novos saberes alinhando a os princípios da educação contemporânea às necessidades da educação inclusiva a fim de contribuírem para a formação de cidadãos críticos e participantes, cientes de seus deveres e capazes de escolher adequadamente seus caminhos e modificarem suas realidades. Educar não é reproduzir conhecimentos, mas proporcionar o crescimento e a capacitação, respeitando as diversidades e diferenças e valorizando o outro com igualdade (CRISTINA, 2007).
Entretanto, para assegurar uma educação de qualidade é fundamental que os educadores sejam apoiados por projetos sociais que os ajudem a desenvolver uma prática pedagógica que transforme a realidade da escola, onde a diferença não signifique desvantagem mas que proporcione crescimento coletivo. A inclusão coloca aos sistemas de ensino, o desafio de orientar a comunidade escolar bem como às famílias, na organização de um ambiente de aprendizagem adequado e propício à autonomia e independência, que promova o desenvolvimento pleno das potencialidades, gerando uma confiança nas capacidades individuais de cada aluno incluído (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO).

6- A ESCOLA E A INCLUSÃO

Há pouco mais de uma década, crianças com necessidades educacionais especiais eram geralmente consideradas “casos perdidos”. Na maioria das vezes, discriminadas pela própria família e pela sociedade, ficavam fechadas em casa a mercê de programas assistenciais que lhes garantiam o mínimo para a sobrevivência, taxadas como incapazes, isoladas, não tinham espaço e que deveriam ficar isoladas sem nunca pisarem numa sala de aula. “Casos perdidos” pareciam ser também aquelas crianças e adolescentes com histórico de fracasso escolar, marcadas por repetência, ou as rotuladas como o “terror” da escola devido ao comportamento agressivo, aos negros e homossexuais que sofriam preconceitos e discriminação. Para elas, a saída para o futuro era a da segregação. Mas algumas iniciativas e o esforço de profissionais demonstram que é possível, sim, mudar o presente de crianças excluídas e lhes dar um futuro mais feliz e promissor. Esse quadro de resgate passa inapelavelmente pela escola, principalmente a escola pública, que acolhe a maior parte da população em idade educacional que, no bojo de toda uma transformação de mentalidades no fim do século 20, busca se tornar mais inclusiva e garantir a todos o direito de ser educado. Em vez de exigir que os alunos se adaptem a ela, a escola hoje se vê diante da necessidade de adaptar-se para acolhê-los em sua diversidade e suas necessidades específicas, pois a nenhuma criança pode ser negado o direito à educação, independentemente de problemas físicos, mentais ou emocionais (CLÁUDIA, 2007).
De acordo com Prof. Dr. Marcos (2007), diante de "necessidades educacionais especiais", a educação escolar deve responder com situações de ensino-aprendizagem adequadas a atender a todas as necessidades educacionais e que por essa característica se torna diferentes das organizadas usualmente para a grande maioria dos educandos, ou seja, das situações comuns de ensino ou ensino regular.
Atualmente se reconhece que a integração é benéfica para toda a comunidade escolar em igual valor. (Cláudia 2007). A inclusão e integração são processos essenciais à vida humana e à vida em sociedade, é através da inclusão quer se aprende a conviver sem distinção com os diferentes (Prof. Dr. Marcos 2007).
Ela está prevista no Artigo 208 da Constituição, no Artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996. O movimento foi reforçado pela Conferência Mundial de Educação Especial de 1994, que resultou na DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. (CLAÚDIA, 2007).

TRECHOS DA DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (UNESCO, 1994)

Tradução: Romeu Kazumi Sassaki, 1997.

Educação inclusiva: Capacitar escolas comuns para atender todos os alunos,especialmente aqueles que têm necessidades especiais.
Princípio da inclusão: Reconhecimento da necessidade de se caminhar rumo à “escola para todos” - um lugar que inclua todos os alunos, celebre a diferença, apoie a aprendizagem e responda às necessidades individuais.
Toda pessoa tem o direito fundamental à educação e a ela deve ser dada a oportunidade de atingir e manter um nível aceitável de aprendizagem.
Todo aluno possui características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que são singulares. Os sistemas educacionais devem ser projetados e os programas educativos implementados de tal forma a considerar a ampla diversidade dessas características e necessidades.
As escolas devem acomodar todos os alunos independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. O desafio para uma escola inclusiva é o de desenvolver uma pedagogia centrada no aluno, uma pedagogia capaz de educar com sucesso todos os alunos, incluindo aqueles com deficiências severas.
0 princípio fundamental da escola inclusiva consiste em que todas as pessoas devem aprender juntas, onde quer que isto seja possível, não importam quais dificuldades ou diferenças elas possam ter. Escolas inclusivas precisam reconhecer e responder às necessidades diversificadas de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando educação de qualidade para todos mediante currículos apropriados, mudanças organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parcerias com suas comunidades.
Os currículos devem ser adaptados às necessidades dos alunos e não o inverso. As escolas devem, portanto, oferecer oportunidades curriculares que se adaptem a alunos com diferentes interesses e capacidades.

A fim de acompanhar o progresso de cada aluno, os procedimentos de avaliação devem ser revistos.
Aos alunos com necessidades educacionais especiais devem ser oferecidas diferentes formas de apoio, desde uma ajuda mínima em classes comuns até programas adicionais de apoio à aprendizagem na escola, bem como a assistência de professores especialistas e de equipe de apoio externo*.

A inclusão social e educacional é hoje assunto de direitos humanos, de tratados e discussões, que propõem uma educação que satisfaça às necessidades básicas de aprendizagem, que atenda a todos no desenvolvimento pleno das potencialidades ,que possibilite a melhoria da qualidade de vida e do conhecimento e a participação na transformação cultural e ativa da sociedade. Freqüentar a escola, ter acesso a um ensino de qualidade, participar das atividades junto com a comunidade escolar é um direito de todas as pessoas e deve ser assegurado pelo Estado. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006).
Entretanto, para garantir o direito de igualdade, a escola, frente às necessidades e ao novo cenário da inclusão social, deve atuar conjuntamente com a família, a comunidade e a instituição especializada, e seu papel deve ir além da transmissão de conhecimentos, que sem uma capacitação e uma preparação para uma vida ativa não alcançaria os objetivos estimados que atuam na promoção da transformação/inclusão almejada.
O envolvimento da família no processo educativo-inclusivo-escolar, fazendo escolhas, tomando decisões em conjunto e dividindo responsabilidades, é imprescindível e de fundamental importância. Uma escola aberta à família e uma família envolvida responsavelmente na vida escolar de seu filho instituem uma forte parceria na qual todos ganham: os pais adquirem competências para auxiliar o filho e passam a vislumbrar um futuro digno para seus filhos, os professores sentem-se mais seguros e apoiados, passam a conhecer o universo cultural do aluno e a compreendê-lo melhor; e o aluno se sente mais acolhido, ativo, reconhecido e seguro, com maiores chances na
* Trechos da Declaração de Salamanca UNESCO, 1994, traduzido por Romeu Kazumi Sassaki, 1997.
construção do conhecimento intelectual e crítico e na participação efetiva da vida escolar e social.
A escola é um espaço responsável pela educação formal, onde ocorrem várias trocas entre os alunos, entre estes e os professores, entre a família e a comunidade escolar e entre as diferentes famílias.
A escola precisa educar para a diversidade, para a formação de um ser humano multi-cultural, capaz de ouvir, analisar, de prestar atenção ao diferente e respeitá-lo. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006).
Entretanto, segundo Elizabeth (2007), os profissionais que se dedicam a educação especial enfrentam muitas dificuldades advindas das limitações de recursos bem como adaptações nas escolas, falta de materiais e recursos didáticos que viabilizam e facilitam o processo de aprendizagem, entre outros, e se deparam com o desafio de re-significar as pressões marcadas pela excepcionalidade, na direção da reconstrução da imagem da instituição, redimensionando os papéis de professor/ensinante responsável pela formação de alunos/aprendentes e capacitados para o convívio social deixando de ser um uma pessoa com deficiência apenas para ser mais um cidadão com direitos e capacidades iguais. Neste sentido, as concepções sobre educação especial ainda estão em construção e precisam continuar sendo revistas, adaptadas, asseguradas e incorporadas ao desafio de refletir sobre o lugar da escola especial como grande responsável pela formação de cidadãos com capacidades de desafiar e vencer as suas limitações, capacitando-os a uma vida com condições iguais às pessoas sem deficiência. O pré-suposto é pensar que existência da deficiência que rotula o aluno impede ou não que ele enfrente o desafio de desenvolver suas possibilidades de aprender, é partindo do princípio da inclusão e do respeito pelas diferenças que se poderá capacitar esses alunos para o enfrentamento de suas diferenças . Como desafia-lo? Capacitar os professores é o primeiro e mais importante passo a se dar rumo a inclusão, garantir recursos didáticos e instalações adequadas a fim de garantir que todos os alunos tenham acesso assegurado à educação. Os professores entretanto, devem estar engajados nessa missão e descobrir uma nova forma de ensinar incluindo todos, pois quem pode ensinar o que esses alunos podem aprender são os professores, descobrindo como aprendem, possibilitando então, possíveis surpresas a todos nós.

7- PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS ESCOLAS INCLUSIVAS


Adaptação de Romeu Kazumi Sassaki, 1997.


1. Um senso de pertencer
Filosofia e visão de que todas as crianças pertencem à escola e à comunidade e de que podem aprender juntos.
2. Liderança
O diretor envolve-se ativamente com a escola toda no provimento de estratégias.
3. Padrão de excelência
Os altos resultados educacionais refletem as necessidades individuais dos alunos.
4. Colaboração e cooperação
Envolvimento de alunos em estratégias de apoio mútuo (ensino de iguais, sistema de companheiro, aprendizado cooperativo, ensino em equipe, co-ensino, equipe de assistência aluno-professor etc.).
5. Novos papéis o responsabilidades
Os professores falam menos e assessoram mais, psicólogos atuam mais junto aos professores nas salas de aula, todo o pessoal da escola faz parte do processo de aprendizagem.
6. Parceria com os pais
Os pais são parceiros igualmente essenciais na educação de seus filhos.
7. Acessibilidade
Todos os ambientes físicos são tornados acessíveis e, quando necessário, é oferecida tecnologia assistiva.
8. Ambientes flexíveis de aprendizagem
Espera-se que os alunos se promovam de acordo com o estilo e ritmo individual de aprendizagem e não de uma única maneira para todos.
9. Estratégias baseadas em pesquisas
Aprendizado cooperativo, adaptação curricular, ensino de iguais, instrução direta, ensino recíproco, treinamento em habilidades sociais, instrução assistida por computador, treinamento em habilidades de estudar etc.
10. Novas formas de avaliação escolar
Dependendo cada vez menos de testes padronizados, a escola usa novas formas para avaliar o progresso de cada aluno rumo aos respectivos objetivos.
11. Desenvolvimento profissional continuado
Aos professores são oferecidos cursos de aperfeiçoamentos contínuos visando a melhoria de seus conhecimentos e habilidades para melhor educarem seus alunos.

Segundo Mantoan (2003 p. 59-67), para atingir esses objetivos que agrupados formam uma escola aberta a todos é preciso enfrentar muitas frentes de trabalho, cujas tarefas fundamentais são:

► remodelar e recriar um novo modelo educativo escolar, tendo em vista a garantia da educação para todos – a inclusão deve ser feita em amplo aspecto, para tanto deve-se recriar um modelo educacional que possibilite o acesso de todas á escola e á educação.
Tabela adaptada por Romeu Kazumi Sassaki, em 1997.

As escolas precisam reconhecer e valorizar as diferenças e para isso precisam ter projetos inclusivos de educação, deixando de lado o antigo padrão educacional e se adaptando a um padrão de inclusão que atenda às diferentes necessidades dos alunos que não conseguem acompanhar seus colegas de turma, por problemas que vão desde as deficiências físicas até outras dificuldades de natureza relacional, motivacional ou cultural dos alunos.
► reorganização pedagógica das escolas, proporcionando um ambiente favorável a inclusão, abrindo espaços para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas, por professores, administradores, funcionários e alunos, essas são habilidades mínimas para o exercício da inclusão e da verdadeira cidadania – a reorganização das escolas depende de muitas ações conjuntas que estão centradas no projeto político-pedagógico que visa a garantia da educação a todos.
► garantir aos alunos, ambiente adequado, tempo, liberdade e condições para aprender, bem como um ensino que não segrega;
► capacitar, formar, aprimorar continuamente e proporcionar condições favoráveis de trabalho e valorizar o professor, para que tenha estímulo para ensinar a todos, sem diferenciações, preconceitos, exclusões e exceções.
Entretanto faz importante ressaltar que dentro de uma visão de educação inclusiva, o ensino individualizado/diferenciado para os alunos que apresentam déficits intelectuais e problemas de aprendizagem é uma solução que não corresponde aos princípios inclusivos, pois não podemos diferenciar um aluno pela sua deficiência. Na visão inclusiva, o ensino diferenciado continua segregando e discriminando os alunos dentro e fora das salas de aulas, incluir é tão somente, um princípio de igualdade, não prevendo em sua abordagem a utilização de práticas de ensino escolar específicas para esta ou aquela deficiência e/ ou dificuldade de aprendizagem. Cada aluno tem suas limitações tendo ele deficiência ou não, e cabe ao professor explorar e introduzir conhecimentos dentro do limite de capacidade de cada um aluno, se o professor garantir a qualidade do ensino ele conseguirá conduzir a turma cumprindo seu cronograma dentro das capacidades de cada aluno. Não se trata de uma aceitação passiva do desempenho escolar, e sim de agirmos com realismo e coerência e admitirmos que as escolas existem para formar as novas gerações e não apenas alguns de seus futuros membros, os mais capacitados os que não necessitam de serem incluídos e os privilegiados. É esse o grande desafio a ser enfrentado quando nos propomos a reorganizar as escolas e torná-las ativas nas práticas inclusivas – a garantia de direitos iguais a todos. MANTOAN (2003).


8- A FAMÍLIA E O CONTEXTO DA INCLUSÃO SOCIAL


É indiscutível a importância da família no desenvolvimento de crianças/adolescentes. A família é o berço, o núcleo social básico e as relações aí estabelecidas vão depender as relações interpessoais de seus integrantes e de toda dinâmica que envolve esse relacionamento familiar. Nas ações educacionais, as experiências da vida familiar são uma constante e estão sempre presentes, agindo positiva ou negativamente, podendo auxiliar ou dificultar o processo educacional dos alunos. O que a pessoa é depende de como são estabelecidas as relações familiares e de sua dinâmica, as quais sempre estarão refletidas no decorrer de sua vida (LIMA, MAIA, DISTLER, 1999).
O reconhecimento da importância da família para o processo educacional se explicita em vários artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394/96), que estabelecem a incumbência das instituições de ensino e de seus docentes se articularem com as famílias, tornando-a participativa e responsável por uma parcela do desenvolvimento educacional dos alunos , visando integrá-las à escola, e auxiliando no fortalecimento dos vínculos familiares (SOUZA E SILVA, 1997).
A aproximação, a parceria e o trabalho em conjunto entre família e escola, na perspectiva da Declaração Mundial de Educação para Todos, é discutida por Santos (1999). Para a autora, a escola e a família precisam estabelecer uma relação de confiança, cumplicidade e reciprocidade, onde a família participe ativamente e de forma direta no processo educacional de seus filhos, ajudando-os a aprender; e a escola troque informações constantemente com a família, a fim de conhecer melhor a criança, para assim respeitar e atender seus desejos, bem como atender suas necessidades ajudando-a a em sua educação informando, trabalhando e desenvolvendo suas aptidões , simultaneamente.
No caso específico do atendimento educacional a alunos com necessidades educativas especiais, a Declaração de Salamanca (Brasil, 1994, p. 2), documento internacional que orienta a política nacional brasileira, congrega a todos os governos “encorajarem e facilitarem” (p.2) a participação dos pais no planejamento e tomada de decisões nos serviços especializados, estabelecendo, com eles, uma verdadeira parceria.
A participação da família na escola leva os educadores a olhar a educação sob outro prisma e re-estruturarem seu trabalho e o ambiente da sala de aula, a fim de favorecerem uma parceria de trabalho integrado.A participação dos pais na comunidade escolar facilita o trabalho do professor que se sente mais seguro e menos solitário na educação das crianças, sentem-se mais autônomos na tomada de decisões, e tem maiores possibilidades de conhecer seus alunos, suas necessidades e anseios e o mesmo passa a trabalhar mais afinado na educação dos alunos, melhora o ambiente da escola, diminui o índice de ausência dos alunos e melhora seu desempenho.
Para José (2007), a família e a escola são instituições sociais que acolhem pessoas a partir do nascimento e da infância que perduram por muitos anos, e se responsabilizam por sua educação e inserção em outras instituições e por todas as relações sociais que terão em sua vida fora desses núcleos.
Os pais têm uma importância fundamental no processo de aprendizagem dos filhos

“Ao contrário do que se pensa, o principal papel não é o acompanhamento dos deveres e atividades propostos para casa. A maior contribuição deles é ajudá-los a ter uma relação positiva com o estudo e com a escola. É também acompanhar com discernimento as observações sobre os filhos, sem falsas impressões, mas também sem submissão (BRASIL/MEC/FUNDESCOLA, 2003)”.
Enfim, o crescimento do aluno na escola deve ser responsabilidade conjunta, entre pais, escola e dos próprios alunos, que devem se sentir ativos, capazes, participativos e pertencentes à escola e, assim, ter uma atuação pró-ativa e construtora deste espaço vital para o seu desenvolvimento.


9- ATITUDES INCLUSIVAS FUNDAMENTAIS EM EDUCAÇÃO


De acordo com Libâneo (2003), processo de inclusão de alunos especiais, no Brasil, teve início antes mesmo da capacitação dos professores, o que tem gerado um certo descompasso no processo inclusivo e um desconforto para os mesmos por se sentirem despreparados para lidar com essas dificuldades educativas entretanto;


Todo educador comprometido com a filosofia da inclusão......

o ... está mais envolvido no processo educativo e interessado naquilo que o aluno deseja aprender do que em rótulos sobre ele;
o ... respeita e trabalha o potencial de cada aluno e aceita todos os estudantes igualmente sem distinção;
o ... adota urna abordagem e uma didática próprias, que propicia e ajuda na solução de problemas, dificuldades e limitações;
o ... acredita que todos os educandos são capazes e conseguem desenvolver suas habilidades, uma vez que todos as têm;
o ... estimula os educandos a direcionarem seu aprendizado de modo a aumentar sua autoconfiança e auto estima, a fim de poderem participar mais plenamente na sociedade, a usar mais o seu poder pessoal e a desafiar a sociedade para a mudança;
o ... acredita nos alunos e em sua capacidade de evoluir, de se desenvolver e aprender;
o ... deseja primeiro conhecer e conquistar a confiança do aluno para com isso, aumentar a sua autoconfiança ;
o ... acredita que as metas podem ser estabelecidas e que, para atingí-Ias pequenos passos fazem a diferença são úteis e inprescindíveis;
o ... defende o princípio de que todas as pessoas devem ser incluídas em escolas comuns da comunidade e que as mesmas tem devem acolher a todos;
o ... sabe que ele precisa prover suportes (acessibilidade arquitetônica, atendentes pessoais, profissionais de ajuda, horários flexíveis etc.) a fim de incluir todos os alunos;
o ... está preparado, com uma sensibilidade especial e com conhecimentos suficientes para indicar recursos adequados a cada necessidade dos alunos, tais como: livros, entidades, aparelhos;
o ... sabe que a aprendizagem deve estar baseada nas metas do aluno, e que cada aluno será capaz de escolher métodos e materiais para aprender as lições;
o ... mantém-se informado a cerca de informações necessárias sobre recursos externos à escola e intermedeia a conexão com pessoas e entidades que possam ajudar o aluno na comunidade;
o ... estimula outras pessoas importantes na vida, bem como a família ou o responsável do aluno a se envolverem com o processo educativo;
o ... é flexível nos métodos de avaliação uma vez que conhece as limitações de cada aluno, pois sabe que os testes, provas e exames provocam medo e ansiedade nos alunos;
o ... utiliza as experiências de vida do próprio aluno como fator
motivador da aprendizagem dele e se transforma em um agente auxiliar no crescimento do mesmo;
o ... indaga primeiro o aluno deficiente se ele quer partilhar dados sobre sua deficiência a fim de nunca o submeter a situações de constrangimento e só em caso afirmativo passa essa informação para outras pessoas;
o ... é um bom ouvinte para que os alunos possam falar sobre a realidade da vida que levam e sobre suas aspirações, tornando-se incentivador e apoio para que haja uma mudança;
o ... adota a abordagem centrada no aluno para isso precisa ser conhecedor de cada um de seus alunos bem como da realidade que cada aluno está inserido e ajuda os estudantes a desenvolverem habilidades para o uso do poder pessoal no processo de mudança individual e da sociedade(KAZUMI, 1998).


10- AVALIAR, INCLUIR PARA EDUCAR

O crescimento e o sucesso de alunos com deficiência, pode ficar comprometido pela falta de recursos e soluções que os auxiliem e os motivem na superação de dificuldades funcionais no ambiente da sala de aula e fora dele.(ELIZABET, 2007).
Prof. Dr. Marcos, afirma que, a educação dos alunos com necessidades educacionais especiais, precisa ter os mesmos objetivos e dedicação da educação de qualquer cidadão. Algumas modificações são necessárias na organização e no funcionamento da educação escolar para que os alunos com necessidades especiais usufruam dos recursos escolares de que necessitam para o alcance daqueles objetivos.
Na educação especial é preciso lançar mão de didáticas auxiliares aos serviços educacionais que são planejados e desenvolvidos para assegurar respostas competentes por parte do sistema e da unidade escolar que tem o compromisso social da inclusão e o dever de garantir uma educação efetiva para todos. As necessidades educacionais especiais são definidas e identificadas na relação concreta entre o educando e a educação escolar. Na dinâmica inclusiva, os recursos educacionais especiais requeridos pela situação de ensino-aprendizagem é que se configuram como Educação Especial e não devem ser reduzidos a uma ou outra modalidade administrativo pedagógica como classe especial ou escola especial deve ser muito mais que isso, a Educação Especial é uma educação democrática, igualitária que visa o respeito e garantia de uma vida digna sem segregação.
Outro aspecto relevante diz respeito à identificação das necessidades educacionais como especiais e as conseqüentes decisões e orientações sobre o atendimento dos alunos que as apresentem bem como o preparo do professor para bem desenvolver sua função de educador diante das diferenças. Tais atividades requerem a avaliação criteriosa por parte dos profissionais envolvidos que bem preparados saberão qual a melhor prática a ser utilizada, bem como da família de cada aluno. Bom citar que grande parte das necessidades educacionais, mesmo dos alunos portadores de deficiências, poderão ser atendidas apropriadamente, sem o concurso de ações e recursos especiais, na própria escola comum com os recursos regulares. Todavia, a presença de necessidades educacionais especiais, cujo atendimento esteja além das condições, possibilidades e conhecimentos dos professores e dos demais recursos escolares comuns e disponíveis, demandará a provisão de auxílios e serviços educacionais propiciados por professores especialmente preparados para atendê-las a fim de assegurar a inclusão. Por outro lado, as necessidades educacionais especiais são, às vezes, acompanhadas de necessidades especiais de outras ordens e que requerem também a intervenção da escola que não consegue agir sozinha, no sentido de encaminhar, orientar ou viabilizar o atendimento necessário e especializado, ainda que do âmbito social, médico ou outro, de forma indireta, cooperativa e integrada à educação escolar. Garantir a inclusão de todas as crianças e jovens numa escola comum de qualidade "especial", é fundamental que atitudes de respeito ao outro como cidadão sejam concretizadas em ações de reestruturação da escola atual com vistas a alcançar tal propósito.
É imprescindível e fundamental que sejam eliminados todos e quaisquer mecanismos e procedimentos dificultadores da integração e da inclusão de todos na escola pública e gratuita e que essa assegure a qualidade de ensino esperada pela sociedade, o que não implica a extinção sumária de serviços e auxílios especiais. Dentro de uma perspectiva inclusivista, as diferenças entre as necessidades educacionais especiais e as necessidades educacionais comuns com o tempo tendem a se tornarem cada vez menores até o ponto em que as necessidades singulares de cada educando possam ser percebidas, entendidas e atendidas pela escola comum. O que é preciso evitar, sempre que possível, é a segregação dos educandos pela simples má vontade, omissão, falta de aperfeiçoamento ou pelo desentendimento dos responsáveis pelo ensino comum. O sentido especial da educação especial ou não, consiste no amor e no respeito ao outro, que são as atitudes mediadoras da competência ou de sua busca para melhor favorecer o crescimento e desenvolvimento do outro (PROF. DR. MARCOS, 2007).


11- OS JOGOS E AS BRINCADEIRAS COMO RECURSOS FACILITADORES DA INCLUSÃO.


A brincadeira é a vida da criança e a forma mais gostosa para ela conhecer o ambiente, aprender, movimentar-se, ser independente, conhecer-se, reconhecer seu meio, suas forças e fraquezas, seus limites e limitações, desenvolver seu físico, sua mente, sua auto-estima, afetividade, criatividade, individualidade e coletividade.
Brincando, as crianças entram em contato com diferentes seres, cores, texturas, formas, tamanhos, sons, e conhecem tudo o que existe no ambiente.
Qualquer criança, independente de suas diferenças físicas, relacionais, sensoriais, intelectuais, sociais, econômicas e culturais, tem o direito e a necessidade vital de brincar, de vivenciar e trocar experiências lúdicas com o outro: a começar pelo núcleo familiar com seus pais, irmãos, em seqüência com colegas da escola, vizinhos e amigos, em ambiente familiar e ou comunitário positivo, com participação, companheirismo e real convivência de todos os membros. O brincar alegra e motiva as crianças, juntando-as e dando-lhes oportunidades de ficar felizes em um mundo próprio delas, trocar experiências, reconhecer as diferenças e ajudarem-se mutuamente: as que enxergam e as que não enxergam, as que escutam muito bem e aquelas que não escutam, as que correm muito depressa e as que não podem correr.
É brincando que as crianças aprendem a lidar com as diferenças: somos diferentes, gostamos de coisas diferentes vivemos em ambientes diferentes e passamos por situações diferentes, fazemos as coisas de modo diferente, necessitamos um tempo diferente para realiza-las, para crescermos e aprendemos de maneira diferente (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006).
Os aspectos formativos e positivos como facilitadores da aprendizagem dos jogos foram inseridos tardiamente no universo escolar, visto que sempre foi considerado como uma tarefa desvinculada do trabalho de ensinar e aprender, sendo este o objetivo da escola, tendo relevância só seu aspecto que o liga a brincadeiras sem muito compromisso com a aprendizagem. Entretanto sabe-se que o jogo tem um papel importante nas relações entre brinquedo e trabalho na escola, pois torna concreta a idéia do aprender divertindo-se e desvincula o aprender com a dificuldade de aprender.
Em tempos atuais os estudiosos do assunto tentam equilibrar jogo e educação, para que o contexto formativo não seja superado pelo lúdico, sem que este perca suas características de liberdade, prazer e diversão, desvinculado do sentido de obrigação.
Para que se possa entender o papel do brinquedo como fator importante no desenvolvimento da criança é necessário que se acompanhe o desenvolvimento desde os primeiros meses do bebê, visto que é nesse período que desperta a necessidade de convivência com a fantasia para que possa reestruturar suas relações com o mundo e com o outro. Quando a criança passa a exercer papel social dentro da escola, muitas de suas experiências já vivenciadas voltam a cena e são novamente vivenciadas dentro das brincadeiras. A observação realizada identifica os objetivos educacionais, bem como, a relação das crianças entre si durante os jogos e brincadeiras.
Para a criança, a brincadeira é a melhor maneira de se comunicar, de interagir, um meio para perguntar e explicar e obter as respostas para suas dúvidas, um instrumento que ela tem para se relacionar com outra criança e com o mundo.
Além de proporcionar um espaço de descobertas e conhecimento sobre o mundo externo, é na brincadeira que a criança também pode conviver com seus sentimentos internos e se auto-descobrir. A presença da agressividade, portanto, não deve ser censurada; pelo contrário, é importante que seja preservado esse espaço para que a criança possa expressar seus sentimentos em momentos em que não está realmente zangada, pois embora possa haver conflitos entre o amor e o ódio, ela sabe que esse espaço é o da brincadeira e que pode terminar o jogo no momento que quiser entretanto, deve-se avaliar o grau de agressividade.
Enquanto o adulto interpreta o brinquedo como uma fuga dos problemas e da rotina desgastantes do dia a dia, onde ele relaxa e esquece das obrigações, a criança utiliza o brinquedo para experimentar o mundo, aguçar e saciar a curiosidade, testar seus conhecimentos, aprender a vivenciar, lidar e vencer seus medos, enfim, desenvolver-se criativamente para enfrentar novas situações que a interessem e a conviver com as frustrações.
A brincadeira é um espaço de aprendizagem onde a criança atua além do seu comportamento cotidiano e das crianças de sua idade e é na brincadeira que elas percebem que sua criatividade não tem limites. Na brincadeira, ela age como se fosse maior do que é, realizando simbolicamente o que mais tarde realizará na vida real.
O brinquedo ajuda a criança a descobrir-se como ser único, ativo e que merece atenção. Nas brincadeiras, também pode vivenciar momentos de perdas e vivenciar situações de frustrações, de medo e dor.entretanto, os sentimentos negativos não são bem compreendidos pelas crianças, exceto quando brincam, pois ali, na brincadeira não precisam sentir-se culpadas pelo medo ou raiva que guardam consigo.
O brinquedo as ajuda a elaborar e projetar papéis que terão de exercer no futuro. É uma invasão ao mundo dos adultos, mas com aspecto desinteressado que só a imaginação pode oferecer.
O brinquedo é instrumento que lhes possibilita a expressão da criatividade de seus sentimentos em relação ao mundo que as rodeia e que ainda não compreendem, embora vivam à todo momento.
Através dos jogos de regras, a criança cria condições de auto-superação onde suas limitações não existem ou diminuem, uma vez que a repetição provoca a segurança de que aprendeu o exercício, logo depois se sente capaz de explorar um novo exercício até conseguir dominá-lo e novamente expandir sua capacidade.
Ao estudar o brinquedo e os materiais pedagógicos, enquanto estruturadores do conhecimento e do saber, pode-se chegar a diversas conclusões. Brinquedos, jogos e materiais pedagógicos não trazem em seu contexto um conhecimento pronto e definido trazem ao contrário, diversas possibilidades e um conhecimento potencial que pode ou não ser descoberto pelo aluno entretanto podem ser descobertas novas formas de conseguir atingir o objetivo do jogo uma vez que cada um possui uma forma de elaborar estratégias, e também limitações que são individuais. Todo o material pedagógico não deve ser analisado, nem aplicado como algo igual para todos. É , na verdade , um recurso dinâmico que se altera em função do simbolismo, da interpretação individual e da imaginação de quem o utiliza. (PEDRO, 2007).
De acordo com pesquisas realizadas por Paulo, 2007, a utilização de jogos propicia:

· AUMENTO CONSIDERÁVEL DA ORALIDADE DOS ALUNOS:

· Influenciados pelas dinâmicas de grupo onde eram introduzidos os jogos, muitos foram os casos de crianças que elevaram consideravelmente seu vocabulário e suas manifestações orais junto aos colegas vencendo a timidez e a introspecção, não apenas em casos de crianças incluídas, mas também aquelas crianças que geralmente pouco se manifestam dentro da sala de aula. A timidez é diminuída com atividades lúdicas uma vez que os jogos aguçam as potencialidades de cada criança, deixando de lado os sentimentos de constrangimento, e propiciando um universo de igualdade.

· MAIOR CAPACIDADE DE CONCENTRAÇÃO:

· Uma das principais características do jogo e do brinquedo é uma melhor aceitação em sala de aula em relação a outros recursos metodológicos convencionais como: livros, quadro-negro, folhas mimeografadas, etc. O jogo permite fácil acesso às crianças e sua assimilação produz uma aprendizagem positiva pelas crianças, assim, a partir de um jogo, o tema no qual o professor deseja trabalhar, será melhor aceito pelos alunos, já que a concentração dos mesmos estará diretamente voltada ao assunto em questão e ao desafio proposto pela atividade. É importante, portanto, adequar os jogos aos conteúdos que estavam sendo apresentados aos alunos, servindo também como atividades de fixação.

· MAIOR COOPERAÇÃO ENTRE COLEGAS:

· Geralmente pelo fato de vivenciarmos uma realidade altamente competitiva, há uma realidade de competição e rivalidade entre alunos, gerando a exclusão, no entanto, com a aplicação dos jogos há uma transformação da realidade exclusiva para uma realidade inclusiva onde há mais interação entre os colegas e um maior sentimento de união, interação e igualdade.
Há que se tomar também o cuidado de adequar os nossos jogos a cada necessidade especial, para evitar constrangimento às crianças que, por exemplo, tivessem uma limitação que as impedisse de jogar conjuntamente ou em separado algum jogo específico.
Sabe-se que cada indivíduo, seja portador ou não de alguma necessidade especial, possui alguma dificuldade e limitações que se destaca em relação ao outro e que o impossibilita a realizar uma ou outra tarefa.
Através dos jogos devidamente selecionados conforme as necessidades dos alunos,pode-se obter resultados extremamente favoráveis, tanto a nível de desenvolvimento intelectual, como a nível de inclusão, pois através dos jogos todas as dificuldades podem ser trabalhadas e superadas, valorizando dessa forma a auto –estima dos alunos e suas capacidades.
Incluir, é um longo caminho a ser percorrido e transformar a sala de aula em um local aberto a ludicidade é uma tarefa bastante árdua, porém necessária, em vista da própria formação docente, das condições estruturais das instituições, da falta de recursos e da visão equivocada de que brinquedo é tudo menos coisa séria. É necessário que o jogo deixe de ser visto apenas como um recurso de emergência no final de uma aula conturbada para ocupar o seu papel principal: ser o eixo do processo inclusivo. (PEDRO, 2007).


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de quase uma década de luta por direitos iguais, o processo de inclusão social e educacional no Brasil ainda engatinha.
É fácil falar em inclusão, difícil e pôr tantos conceitos em prática a fim de garantir que todos, sem distinção tenha todos os seus direitos assegurados na prática diária.
Incluir, é muito mais amplo que apenas levar uma criança a uma escola, incluir deve ser um ato de respeito e de amor, que imprescindivelmente deve começar em casa, no seio da família, quando uma criança especial nasce e deve ser tratada como igual. É no seio da família que ela vai ter garantia de crescer com sua auto-estima reforçada que a capacitará para a luta diária com a mesma força e competência que as outras crianças sem deficiência.
É preciso estimular todas as crianças especiais para que elas tenham suas aptidões trabalhadas e recebam estímulos positivos que as encorajem para uma vida social sem distanciamento das outras crianças, que possam ter uma vida tão normal quanto possível e que tenham capacidade para superar todos os obstáculos, fazendo das pedras que encontrarem pelo caminho desafios , não obstáculos.
É através dos reforços positivos, dos incentivos e de uma educação inclusiva justa, digna e igualitária que formaremos cidadãos capazes de vencer as diferenças.



ANEXOS

1- A EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

1.1 O conceito de Inclusão
Conforme a SEESP - Secretaria de Educação Especial

A Inclusão é:
- atender aos estudantes portadores de necessidades especiais na vizinhança da sua residência;
- propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes comuns;
- propiciar aos professores da classe comum um suporte técnico;
- perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e processos diferentes;
- levar os professores a estabelecer formas criativas de atuação com as crianças portadoras de deficiências;
- propiciar um atendimento integrado ao professor de classe comum.

1.2 - O conceito de inclusão não é:

A inclusão não é:
- levar crianças às classes comuns sem o acompanhamento do professor especializado;
- ignorar as necessidades específicas da criança;
- fazer as crianças seguirem um processo único de desenvolvimento, ao mesmo tempo e para todas as idades;
- extinguir o atendimento de educação especial antes do tempo;
- esperar que os professores de classe regular ensinem as crianças portadoras de necessidades especiais sem um suporte técnico.
O processo de inclusão se refere a um processo educacional que visa estender ao máximo a capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe regular. Envolve fornecer o suporte de serviços da área de Educação Especial através dos seus profissionais. A inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto.
A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.


1.3 - Objetivos específicos do programa de Educação inclusiva de 2003 pelo Ministério da Educação - Secretaria de Educação Especial.

Subsidiar filosófica e tecnicamente o processo de transformação do sistema educacional brasileiro em um sistema inclusivo;
Sensibilizar e envolver a sociedade em geral e a comunidade escolar em particular;
Preparar gestores e educadores dos Municípios-pólo para dar continuidade à política de Educação Inclusiva;
Preparar gestores e educadores para atuarem como multiplicadores nos Municípios de sua área de abrangência;
Desenvolver projetos de formação de gestores e educadores para dar continuidade ao processo de implementação de sistemas educacionais inclusivos;

De acordo com o programa de Educação Inclusiva são barreiras para o progresso do programa de inclusão: Atitudes negativas em relação à deficiência:

Invisibilidade na comunidade das crianças com deficiência que não freqüentam a escola
Custo
Acesso físico
Dimensão das turmas
Pobreza
Discriminação por gênero
Dependência (alto nível de dependência de algumas crianças com deficiência dos que as cuidam)

O movimento nacional que visa a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na escola de ensino regular representa o compromisso e o cumprimento das Leis previstas na Constituição Federal que visam o princípio da igualdade de direitos e oportunidades educacionais para todos.(Ministério da Educação 2006)
Desde a Constituição Federal de 1988 e durante a última década, nosso país registrou grandes avanços em relação à legislação, recomendações e diretrizes que asseguram os direitos sociais e a inclusão das pessoas com deficiência, na escola, no trabalho e na sociedade. Esses documentos, preconizam a inclusão, e propõem uma parceria onde a colaboração conjunta entre União, Estados e Municípios na implementação de ações intersetoriais que viabilizam uma educação voltada para o atendimento às necessidades educacionais especiais decorrentes ou não de deficiências fazem toda a diferença nos movimentos voltados à Inclusão Social e fortalecem os princípios da não segregação. Houve significativa evolução conceitual e recomendações aos sistemas de ensino para a necessidade de se organizarem, se estruturarem e elaborarem projetos pedagógicos que valorizem a participação efetiva da família, da comunidade escolar e das instituições especializadas para que atuam como suporte à escolarização realizadas pela rede regular de ensino a fim de que unindo forças e trabalhando conjuntamente, os resultados sejam otimizados. (Ministério da Educação)


Legislação que regulamenta a Educação Especial no Brasil

Em cumprimento à Constituição Federal de 1988, nos art. 205 e 206, que visa o pleno desenvolvimento da pessoa, o seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho. Para atendimento desses objetivos, o ensino deve ser ministrado com base nos seguintes princípios: (art. 206)
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V – valorização dos profissionais de ensino, garantindo, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurando regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União;
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII – garantia de padrão de qualidade.
Lei nº 9394/96 –Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBN
Lei nº 9394/96 – LDBN - Educação Especial
Lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - Educação Especial
Lei nº 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente
Lei nº 8859/94 - Estágio
Lei nº 10.098/94 – Acessibilidade
Lei nº 10.436/02 – Libras
Lei nº 7.853/89 - CORDE - Apoio às pessoas portadoras de deficiência
Lei n.º 8.899, de 29 de junho de 1994 - Passe Livre
Lei nº 9424 de 24 de dezembro de 1996 - FUNDEF
Lei nº 10.845, de 5 de março de 2004 - Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência
Lei nº 10.216 de 4 de junho de 2001 - Direitos e proteção às pessoas acometidas de transtorno mental
Plano Nacional de Educação - Educação Especial








UMA NOVA VISÃO PARA A MATEMÁTICA

1 INTRODUÇÃO

A matemática surgiu da necessidade do homem. Foi evoluindo, da marcação no pedaço de osso até chegar à formatação atual e de acordo com as necessidades da vida cotidiana.
A arte de contar foi o reflexo das evoluções humanas e dos acontecimentos nas civilizações.
A matemática de acordo com Guelli (2001, p. 10) surgiu da necessidade de contar objetos e coisas. Nos primeiros tempos, quando ainda não havia um sistema de contagem, as pessoas costumavam usar os dedos, pedras, nós, ossos, para marcar a quantidade de objetos e coisas, com o tempo essas técnicas caíram no desuso por não mais atender as necessidades do dia-a-dia, tais como contar, medir, calcular etc., era preciso uma maneira mais rápida e segura e precisa efetuar cálculos.
A matemática teve pouca importância no início da arte da educação, era ensinada por professores particulares que visavam habilitar o jovem à prática fora do contexto universitário e científico. Grandes pensadores surgiram assim de maneira informal e desligado da educação formal.
A matemática é a ciência que estuda as propriedades abstratas através do emprego do raciocínio lógico-dedutivo e está presente nos currículos escolares desde os primeiros anos de vida da criança na escola.
A matemática alcançou grande valor a partir das descobertas científicas e tecnológicas, e várias disciplinas se valem da matemática, mesmo esta não estando tão ligada diretamente a elas, uma vez que o processo de progressão está distintamente ligado à matemática.
Entretanto, a matemática há muito vem enredada em um processo de ansiedade, medo e pavor por parte dos alunos a tornando inacessível, difícil, incompreensível, e isso caracteriza as dificuldades encontradas no processo de ensino/aprendizagem.
Entretanto, a matemática pode e deve ser desvinculada desse pavor de aprender e ensinar a qual foi submetida durante tantos anos, uma vez que esse pânico pode ser gerado pela maneira mecânica e decorativa pela qual foi e continua sendo ensinada.
A matemática é necessária na vida cotidiana e por isso deve ser colocada de forma a despertar o prazer em aprender e dominar tal matéria, de tanta importância na vida prática das pessoas.
Este estudo é composto por oito capítulos. O primeiro refere-se à importância da Matemática no cotidiano. No segundo capítulo pretende-se mostrar o compromisso sócio-político do educador matemático. A seguir, enfoca-se a didática da Matemática e os obstáculos na sua aprendizagem. Prosseguindo, relata a crise da Matemática e o papel da escola. No último capítulo pesquisam-se os jogos matemáticos como facilitadores da aprendizagem. Nas considerações finais apontam-se algumas implicações desse tipo de iniciativa nas aulas de Matemática.


2 A IMPORTÂNCIA DA MATEMÁTICA

Para Bongiovanni, (1990, p. 3), a matemática faz parte da vida de todas as pessoas, com maior freqüência à medida que os anos vão se passando e uma vez que convivemos e necessitamos de vários tipos de cálculos, figuras geométricas, lógicas, etc e para ser aprendida precisa basicamente de motivação.
Mas muito ainda se ouve essa pergunta clássica e costumeira: “Para que eu devo estudar Matemática?”.
Andrini (1989, p. 2) postula que o estudo da matemática esclarece a essa pergunta com três respostas:
- a matemática permite o melhor conhecimento da realidade;
- a matemática pode ajudar na organização do raciocínio;
- a matemática proporciona grandes descobertas.
A matemática se encontra na base de todo avanço científico e tecnológico. É relativamente fácil de constatar, através da análise histórica da Matemática, seu papel essencial no chamado progresso tecnológico que determinou e determina o desequilíbrio entre nações, que possibilitou e possibilita conquista e colonização, que causou e causa domínio de uma classe social para outra. A Matemática é universal, independente de fatores como língua, geografias ou economias (D’AMBRÓSIO, 1986, p. 40).
Santos (1961, p. 169) acredita que o estudo da matemática está direta e primeiramente ligado ao estudo dos números e a presença destes acontece nos primeiros anos de vida de uma criança.
Nos primeiros anos de vida escolar o contato com os números tem uma presença mais forte e constante, e nesse processo de aprendizagem atribui-se um valor formal e educativo e um valor material e prático.
O valor formal foi reconhecido na Antiguidade, onde o número era a essência do universo de acordo com Pitágoras. Platão em “Leis” atribuía à matemática valor superior ao das outras ciências, e assim, Descartes, Pestalozzi, Froebel e outros filósofos também atribuíram valores relevantes ao estudo da matemática. Entretanto, havia alguns educadores, filósofos e pedagogos que não reconheciam tamanha importância, tanto que a matemática foi por muito tempo ensinado fora das escolas por professores particulares (SANTOS, 1961, p. 169).
De acordo com Neto (1987, p. 7), contar a história da matemática pode ser uma forma de ilustrar as aulas e motivar os alunos, uma vez que ela está recheada de fatos interessantes, tais como a vida e as obras dos matemáticos, curiosidades etc, e os dois motivos principais dessa exposição são: mostrar o longo caminho percorrido pela humanidade desde o início de sua existência, ajudando a perceber as transformações que ocorrem e continuam a ocorrer, alterando a sociedade e a própria personalidade do homem, e depois fazer uma comparação entre a história e a evolução da própria criança.
Nas fases iniciais da vida escolar a matemática proporciona às crianças certas habilidades tais como:
- proporcionar à criança um instrumento para resolver as questões da vida relacionadas com as questões de número e quantidade;
- proporcionar à criança conhecimentos dos números e suas combinações, dotando-as de capacidade para resolver problemas práticos da vida cotidiana;
- capacitá-las para a análise e resolução de tais problemas;
- capacitá-las com raciocínio lógico;
- prepará-las para a vida social onde os números, as propriedades matemáticas, os cálculos, e as formas geométricas, estão ativamente presentes. (SANTOS, 1961, p. 171)

3 O EDUCADOR DE MATEMÁTICA E SEU COMPROMISSO SÓCIO-POLÍTICO

De acordo com Santos (1961, p. 174), a iniciação da matemática deve acontecer intuitivamente e por processos ativos, uma vez que toda criança traz, ao entrar para a escola algumas noções sobre números e formas.
O professor, por sua vez é o instrumento promotor da aprendizagem e esse deve lançar mão de recursos que proporcionem uma melhor aprendizagem aos alunos. O aluno deve ser estimulado pelo professor a realizar um trabalho voltado para uma iniciação à investigação científica, para tanto, deve aprender a valorizar o raciocínio lógico e argumentativo, que é um dos objetivos da educação matemática, ou seja, o professor deve despertar nos alunos, o hábito de fazer uso de seu raciocínio e de cultivar o gosto pela resolução de problemas. Não se trata de problemas que exigem o simples exercício da repetição e do automatismo (PAIS, 2001, p. 35).
Ainda segundo o autor, é preciso buscar problemas que permitam mais de uma solução, que valorizem a criatividade e admitam estratégias pessoais de pesquisa. Essa valorização do uso pedagógico do problema fundamenta-se no pressuposto de que seja possível o aluno sentir motivado pela busca do conhecimento. Seguindo essa idéia, o trabalho com a resolução de problemas amplia os valores educativos do saber matemático e o desenvolvimento dessa competência contribui na capacitação do aluno para melhor enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.
D’Ambrósio (1986, p. 40), afirma que um problema dificílimo da matemática é a transmissão cultural, o que leva a crer que a Matemática é diferenciada pelo seu contexto sociocultural.
Ainda segundo o autor, o ponto que parece de fundamental importância e que representa o verdadeiro espírito da Matemática é a capacidade de modelar situações reais, codificá-las adequadamente, de maneira a permitir a utilização das técnicas e resultados conhecidos em um outro contexto novo. Isto é, a transferência de aprendizado resultante de uma certa situação para uma situação nova é um ponto crucial do que se poderia chamar de aprendizado da Matemática, e talvez o objetivo maior do ensino.
Dificilmente poderá a prática pedagógica atingir a eficiência desejada se, ao considerar ou ao iniciar uma aula e ao prepará-la, o professor não fizer um exame do objetivo, que pretende atingir durante àquela hora em que os alunos estão a ele confiados, e qual o método que será empregado para conduzir a prática pedagógica nesses 50 minutos de interação professor-classe. O simples desfiar de um conteúdo
não permitirá dar à prática pedagógica a dinâmica adequada para que se possa dizer que o processo ensino-aprendizagem realizou-se plenamente (D’AMBRÓSIO, 1986, p.46).
O autor defende que o professor deve escolher os conteúdos que satisfaçam as expectativas dos alunos e naturalmente utilizar os métodos mais convenientes para conduzir a prática com relação a esses objetivos e os conteúdos adequados esse, é o grande desafio do professor.
Para facilitar a compreensão da matemática, o professor deve dispor de recursos que a tragam para a realidade da vida prática, para a resolução de problemas do cotidiano, para assim tornar o ensino mais agradável, interessante e instigante a ponto de despertar nos alunos o interesse pala matéria desde as primeiras séries (MORI;ONAGA, 1989, p. 3).
Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas.
Os educadores matemáticos devem procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, concentração, atenção, raciocínio lógico-dedutivo e o senso cooperativo, desenvolvendo a socialização e aumentando as interações do indivíduo com outras pessoas (LISETE; TIMM, 2007).
De acordo com Santos (1961, p. 170) para melhorar o processo de aprendizagem, o professor deve:
- realizar o ensino, lentamente, parte por parte, não passando adiante antes que os alunos assimilem e dominem as noções passadas;
- aproveitar como motivação, situações problemas da vida cotidiana, relacionando-as com as necessidades e interesses da criança;
- incluir jogos no processo de ensino, mas nunca antes de passar o conteúdo e que esse esteja assimilado, uma vez que o jogo proporciona uma melhor fixação do conteúdo;
- insistir e se dedicar mais nos conteúdos com maior grau de dificuldade;
- não transformar problemas matemáticos em problemas insolúveis, para isso lançar mão de recursos didáticos acessíveis e que tornem o processo divertido e simplificado;
- correlacionar a matemática com outras matérias, mostrando com isso a interação entre as matérias;
- identificar as dificuldades relacionadas com cada matéria e tentar trazê-las à luz da realidade com exemplos práticos;
- estimular o raciocínio e o pensamento independente;
- despertar a observação das crianças para coisas e formas que estão presentes no cotidiano;
- inserir literaturas que possam transmitir os conteúdos de forma prazerosa e divertida, o que tornaria o aprendizado um momento de descontração.
De acordo com Faraco (2004, p. 84), a matemática deve também ser apresentada em literaturas ilustradas com desenhos, que possam tornar o estudo da matemática prazeroso, com histórias do cotidiano e que possam prender a atenção dos alunos, tirando a matemática da rotina cansativa de cálculos mecânicos, reapresentando os cálculos de forma prazerosa e relacionada com acontecimentos cotidianos porque para atingir a qualidade da aprendizagem, é necessário um professor competente que ame a arte de ensinar. Ensinar é mais que fazer o outro aprender. A arte está em fazer do aluno o autor do seu próprio saber.
Para Tavares (2006, p. 44), o professor além de educador é um transformador social, e além do compromisso social de formar cidadãos ele também tem o compromisso de educar da melhor forma, contribuindo para a formação intelectual do indivíduo.
Educar é um ato político. Se algum professor julga que sua ação é politicamente neutra, não entendeu nada de sua profissão. Tudo o que fazemos, o nosso compromisso, as nossas opiniões e atitudes são registrados e gravados pelos alunos e entrarão naquele caldeirão que fará a sopa de sua consciência. Maior ou menor tempero político é nossa responsabilidade, daí se apresenta a tênue linha entre a educação e a formação cidadã (D’AMBRÓSIO, 2000, p. 85).
De acordo com Sardela e Matta (1985, p. 5), os principais objetivos gerais do ensino da matemática devem ser:
1 - Proporcionar ao aluno os conhecimentos básicos da matemática, a fim de possibilitar sua integração na sociedade em que vive;
2 – Proporcionar experiências que desenvolvam os alunos no sentido de ampliar o seu campo de raciocínio, tornando-o ao mesmo tempo mais dinâmico e versátil, de modo que, com o auxílio da matemática, o seu aprendizado em qualquer outra área seja mais simples e rápido;
3 – Estimular a curiosidade e o interesse do aluno, a fim de que ele explore novas idéias e descubra novos caminhos na resolução de um problema.
4 – Desenvolver hábitos de estudo, de rigor e precisão, de ordem e clareza, de uso correto da linguagem, de concisão, de perseverança na obtenção de soluções para os problemas abordados e de crítica e discussão dos resultados obtidos.
A matemática tem sido pouco discutida, e pouco se tem feito para que essa matéria tão importante se torne mais acessível para o aprendizado. A matemática está diretamente envolvida nos problemas sociais e não apenas nas discussões contidas nos livros didáticos que são apresentados nas salas de aula.
O que aumenta essa dificuldade no aprendizado, segundo D’Ambrósio (1986, p. 97), pode estar relacionado à deficiência na formação do professor de matemática, que correm o risco de serem meros repetidores do passado e condicionadores de crianças.
Para MORI;ONAGA (2002, p. 3), a matemática se torna uma ferramenta de grande utilidade quando bem dominada, e esse domínio por parte dos alunos depende do bom senso do professor em não só ensinar, mas torná-la de fácil aprendizagem.
A matemática não é um conhecimento pronto, que não se modifica, e partindo deste princípio que durante muito tempo ela vem sida pouco difundida. A matemática tem conceitos prontos, mas esses conceitos se tornam variantes de acordo com a maneira como é passada e essa maneira é peça fundamental no processo de aprendizagem. A matemática deve ser ensinada de modo que os estudantes possam inseri-la em sua vida prática, enxergando a co-relação dela com tudo na vida; o significado da matemática para o aluno resulta das conexões que ele estabelece entre ela e o seu cotidiano e das conexões que ele estabelece entre os diferentes temas matemáticos (BRASIL, 1998, p. 59).
Aprender matemática é, trocando em miúdos, aprender a planejar, a avaliar, a estruturar, a calcular, a prever, a racionalizar, resolver problemas, raciocinar logicamente, fazer orçamentos, verificar probabilidades, etc... (MORI;ONAGA, 2002,p. 53).


4 A DIDÁTICA NA MATEMÁTICA

Segundo Pais (2001, p. 10), a educação matemática constitui uma grande área de pesquisa e estudos, uma vez que o objetivo desse estudo é a compreensão, interpretação e descrição dos fenômenos referentes ao ensino e à aprendizagem da matemática, nos diversos níveis de escolaridade, quer seja em sua dimensão teórica ou prática.
Educar na área da matemática é um grande desafio no cotidiano escolar.
Uma grande ferramenta para minimizar as dificuldades do ensino matemático é admitir a existência dos obstáculos existentes no processo ensino/aprendizagem.
Para Andrini (1989, p. 258), a linguagem usada pelo professor pode ser um obstáculo a ser vencido, assim como a dificuldade dos alunos em aceitar a matemática como uma matéria importante e cotidiana.
E, ainda segundo Pais (2001, p. 15), todo problema matemático, proposto pelo professor, deve necessariamente ter uma solução logicamente compatível com o nível de conhecimento dos alunos, caso contrário, estará ocorrendo a ruptura do processo ensino / aprendizagem.
Ao usar uma linguagem inadequada o professor pode dificultar a compreensão de conceitos simples.
Para evitar esse tipo de erro, o professor deve adequar sua linguagem de modo a torná-la acessível e compreensível, a fim de tornar os conceitos matemáticos, traduzidos pela linguagem escrita e falada de fácil compreensão e entendimento.
Ao preparar a aula, deve o professor analisar os conteúdos e adequá-los a fim de produzir um saber compatível ao nível de compreensão dos alunos o que viabilizará uma aprendizagem com melhor qualidade (ANDRINI, 1989, p. 258).
Nesse caso, todo problema de matemática, proposto pelo professor, deve necessariamente ter uma explicação com linguagem acessível aos conhecimentos dos alunos e uma solução clara, pois caso contrário haverá uma quebra no processo de ensino/aprendizagem.
Para MORI; ONAGA (1989, p. 3), o professor deve, portanto recontextualizar os conteúdos, relacionando-o a uma situação que seja compreensível para o aluno, que por sua vez sentir-se-á estimulado a aprender.
Desta forma, o professor estará estimulando e valorizando o raciocínio lógico e argumentativo do aluno, e este terá um hábito de fazer uso de seu raciocínio e de cultivar o gosto pela resolução de problemas, estando assim mais preparado para a vida social e seus desafios cotidianos.


5 OS OBSTÁCULOS DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA

Para Tavares (2006, p. 44), os conteúdos da matemática estão distantes de outras matérias que têm os conteúdos ligados a questões emocionais, tais como a história, a filosofia, a literatura e até mesmo a biologia que explicam a existência da vida. Cálculos matemáticos são bem mais racionais, exceto quando calcular envolve medo, ansiedade, aflição, mãos suadas antes de uma prova.
Com o transcorrer dos tempos, muito medo se tem atribuído à matemática, no que tange o ensinar e o aprender.
Todos esses medos refletem de forma negativa na aprendizagem e como conseqüência disso tem se observado muitos fracassos escolares principalmente nas séries iniciais ocasionando repetências e evasão escolar.
Para aprender matemática não é preciso uma inteligência superior, a matemática é sim possível a todos.
Esse rótulo de difícil, de inacessível, vem maculando a matemática há muito tempo, e muitos são os alunos que já chegam à sala de aula admitindo-se incapazes de aprendê-la sem mesmo antes tentar compreendê-la.
Uma outra forma muito mais prejudicial ao aprendizado, é a forma severa, sem significado, calculista, sem finalidade ou ligação com a vida cotidiana, com que a matemática vem sendo ensinada ainda por muitos professores, o que constitui muito mais um problema didático/pedagógico do que de aprendizagem.
Para Iracema (1989, p. 3) os professores devem elaborar os conteúdos a fim de colocá-los visivelmente relacionados a questões diárias. Com isso, o aluno é levado a não calcular mecanicamente, mas usar suas habilidades de raciocínio, de resolver situações-problema, de criar, de interligar, sendo estimulados com isso a descobrir as relações da matemática com a própria realidade possibilitando o despertar de seu interesse pela matéria.
Muitas situações presentes nas salas relacionadas a formalidades de aula impedem que o aluno resolva as questões pertinentes à matéria da forma que ele próprio reinventou para aprender tal conteúdo. Esse tipo de situação inibe o raciocínio dos alunos atrofiando com isso seus pensamentos e suas formas de assimilar determinadas matérias, fadando esse aluno a agir e pensar como está proposto nos livros didáticos ou da forma que o professor aprendeu e está repassando o conteúdo como verdade absoluta.
Oliveira (2002, p. 125), afirma que a percepção das aulas pelo aluno influencia a relação afetiva com o professor de matemática. O aluno considera que um relacionamento adequado com o professor depende de alguns fatores:
- a facilidade com que o professor ensina;
- o que prende a atenção do aluno;
- a oportunidade dada pelo professor de o aluno ir ao quadro, para resolver exercícios ou mesmo aprender em caso de dúvidas;
- a atenção do professor às dificuldades do aluno, fazendo intervenções nesses momentos;
- o controle do professor na disciplina da classe para o trabalho na aula.
Quando não acontece isso, o aluno percebe que ocorre um distanciamento em relação ao professor.
Para o autor, a Educação Matemática deve basear-se em métodos que favoreçam a ação/reflexão do aluno em seu processo de aprendizagem, assim sugere alguns métodos aqui expostos:
- a resolução de problemas, uma proposta que visa a construção de conceitos matemáticos pelo educando partindo de situações que estimulam sua curiosidade matemática;
- a Modelagem, que propõe a análise de problemas reais e a busca de modelos matemáticos para resolvê-los;
- o uso de jogos e computadores para motivar e favorecer o aprendizado;
- estudo dos aspectos sociais e emocionais que possam influir na aprendizagem;
- a etnomatemática, que busca valorizar o conteúdo matemático de diferentes grupos sociais e os conceitos informais construídos pelo educando em sua vida extra-escolar;
- a utilização da História da Matemática, que tem servido como instrumento para motivar o aprendizado e propiciar aquisição de conceitos, defrontando o aluno eventualmente com obstáculos semelhantes enfrentados na época da elaboração de tais conceitos pelos seus criadores.
- a utilização de jogos e curiosidades como recursos pedagógicos. Um motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva, e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem (BORIN,1996, p. 9).
O uso de jogos e curiosidades no ensino da Matemática tem o objetivo de fazer com que os alunos gostem de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse do aluno envolvido. A aprendizagem através de jogos, como dominó, palavras cruzadas, memória, e outros, permite que o aluno faça da aprendizagem um processo interessante e até divertido. Para isso, eles devem ser utilizados ocasionalmente para sanar as lacunas que se produzem na atividade escolar diária (LISETE; TIMM, 2007).
Segundo Oliveira (2002, p. 75), para o bom funcionamento desses métodos o professor por sua vez deveria pautar-se pelas seguintes preocupações:
- o incentivo à autonomia do educando, o qual deve ser estimulado a governar seu próprio raciocínio, a criar procedimentos e soluções próprias a investigar e trazer contribuições individuais para a sala de aula;
- a relevância das experiências prévias, a cultura que cada educando traz de dentro de si;
- a pesquisa que o professor deve continuamente tentar perceber o nível de compreensão do educando;
- buscar recursos pedagógicos que auxiliem o aprendizado;
- aumentar seus conhecimentos para melhor orientar seu ensino; estar atento à realidade como todo, utilizando-a como base de um aprendizado significativo.
Felizmente mudanças profundas podem ser percebidas em Brasil (1998) e no que se refere ao ensino da matemática. Os Parâmetros Curriculares Nacionais estabelecem que o aluno valorize e se adapte a Matemática, o que é fator fundamental para acabar com rótulos que perseguem essa matéria há muitos anos.
Entretanto, para que a aprendizagem aconteça, o professor deve conhecer tanto os conteúdos a serem transmitidos, quanto às características sociais e psicológicas de seus alunos, e assim utilizar as estratégias mais eficientes para o alcance de seus objetivos. Para maior eficiência desse processo é importante a elaboração do plano de ensino que tem um significado importante para o professor de matemática, por ser um momento em que ele define seus objetivos a serem alcançados em cada conteúdo. O plano de ensino não é considerado como uma limitação do trabalho, pelo contrário, contribui para que o trabalho em sala de aula tenha um melhor encaminhamento (OLIVEIRA, 2002, p. 56).


6 A CRISE DA MATEMÁTICA

Para Tavares (2006, p. 44-45), a matemática nos últimos tempos tem vivido uma situação de crise, que começa desde as primeiras séries e se estende até níveis superiores de ensino, causando um fracasso da disciplina e muitas vezes dos alunos que se sentem completamente incapazes de assimilarem e dominarem seus conteúdos.
Esse fracasso muitas vezes está relacionado com o não entendimento da interligação da matemática com a vida cotidiana e real das pessoas, o que gera desinteresse e desmotivação para enfrentar os desafios da matemática.
Esse desinteresse e desmotivação tornam-se presentes nas salas de aula e evoluem para sentimentos de incapacidade e de deficiência, e os efeitos que se relacionam a esses sentimentos são notados até o fim da vida escolar dos alunos, gerando um enorme descontentamento dos professores com relação ao que fazem, e uma situação de desconforto, frustração e incapacidade para quem ensina e para quem aprende.
A matemática deve ser encarada como uma matéria feita para pensar, não para decorar, repetir, mecanizar cálculos, e com o seu aprendizado as outras matérias tornam-se mais agradáveis uma vez que todo o fracasso escolar está relacionado a Matemática, desfeito esse pavor o aluno estará menos ansioso, menos tenso e mais disposto a aprender as outras disciplinas também.
O grande problema ainda é que muitos professores a direcionam de forma mecânica, como uma matéria cheia de regras prontas e imutáveis e com linguagem complicada e explorando apenas a parte mais complexa, rígida e clássica da matéria, como suas regras, fórmulas, cálculos e deixam de lado a parte que pode torná-la super agradável e de fácil compreensão que é a relação da matéria com a vida cotidiana e seus problemas inserindo no contexto situações e questões criativas.
O errar em matemática não deve estar relacionado ao fracasso, mas ao desafio, ao aperfeiçoamento de técnicas e descoberta de novas maneiras de raciocinar e calcular para obter o resultado desejado. Isso é possível quando a matemática se torna mais próxima dos alunos e menos distante de suas realidades.
Para Santos (1961, p. 171), brincadeiras, orçamentos domésticos, jogos, desafios, noções de tempo e distância, cálculos de juros, podem ser inseridos em sala de aula de modo a mostrar o quanto a matemática é presente e necessária e a fim de torná-la mais atraente e divertida. Demonstrações dessa natureza podem gerar uma confiança muito grande nos alunos de suas capacidades, pois tiram à matemática do quadro negro e do pedestal de inacessível, e a colocam ao alcance de todos, traduzindo com isso a linguagem matemática para uma linguagem corrente e usual que estimularão a interpretação.
A construção do conhecimento depende de situações-problema que devem ser significativas, relacionadas com a vida prática e devem permear todo o processo ensino-aprendizagem de matemática. A aprendizagem acontece quando o aluno desenvolve seu raciocínio matemático participando de atividades, sendo que o professor deve garantir que o aluno aprenda agindo e refletindo sobre as ações e, portanto, fazendo uso das informações que adquire (OLIVEIRA, 2002, p. 64).
Portanto, cabe ao professor motivar seus alunos, criando um ambiente onde os alunos possam se sentir tranqüilos, sem ansiedade nem medo de errar, mostrando que errar não é simplesmente não alcançar o resultado esperado, mas uma maneira de repensar a própria forma de raciocinar e se aperfeiçoar de modo a atingir resultados positivos desvinculados do fracasso.
A ênfase na participação em sala de aula corresponde a um esforço por parte do professor de conhecer a realidade do aluno e trazê-la para a sala de aula. Isso pode ser uma estratégia do professor para despertar o interesse pelo conhecimento matemático, pois os alunos vão-se interessar pelo conteúdo previsto no programa escolar se houver uma colocação entre ele e o seu dia-a-dia. O professor sábio reconhece a importância desse conhecimento para a vida, em contrapartida, os alunos manifestam exatamente esta expectativa, desejando que o professor seja hábil no falar, permita intervenções quando necessárias e promova a melhor interação entre ensino/aprendizagem (OLIVEIRA, 2002, p.147).


7 DO PAPEL DA ESCOLA

Conforme postula Oliveira (2002, p. 33), o que a escola faz, de maneira essencial e fundamental, é aquilo que circula no seu interior, como sua atividade principal, como sua matéria-prima fundamental: “o currículo“. O currículo é o instrumento através do qual a escola vai preparar o indivíduo para o exercício da cidadania.
O currículo por sua vez é o conjunto de conteúdos selecionados e organizados metodologicamente de tal forma que estejam adequados:
- à realidade social;
- à natureza dos conhecimentos;
- às necessidades e potencialidades dos alunos.
Com essa organização, busca-se o alcance dos objetivos educacionais, que em última instância, levam à formação da cidadania.
O currículo de matemática pode ser visto, para fins de análise, a partir de três diferentes perspectivas. Assim, podemos distinguir entre currículo recomendado, o currículo implementado e o alcançado. Pelo currículo recomendado entende-se aquele planejado em nível nacional, regional ou local pelos comitês e consultores de currículo e codificados nos guias de currículo. O currículo implementado, é aquele contido nos vários textos e materiais selecionados e aprovados para a utilização das escolas e a forma como são comunicados aos alunos pelos professores nas salas de aula. O currículo alcançado é aquele aprendido e assimilado pelos alunos (OLIVEIRA, 2002, p. 34).
Porém, esse currículo deve afinar-se às limitações organizacionais de classe, escola e cultura, e essas limitações modelam em grande parte, mas não determinam completamente como os professores devem ensinar a matemática, adaptando-se a essas limitações organizacionais, os professores inventaram uma pedagogia prática que é planejada para corresponder às suas convicções e à prática da sala de aula .
Toda escola deve obedecer a uma orientação pedagógica que segundo o autor, deve estar fundamentada nos seguintes aspectos:
- respeito à identidade cultural do aluno;
- a apropriação e produção de conhecimentos relevantes e significativos para o aluno, de forma crítica, na perspectiva de compreensão e transformação da realidade social;
- a mudança da compreensão do que é ensinar e aprender;
- o estímulo à curiosidade e criatividade do aluno;
- a democratização das relações na escola;
- o desenvolvimento do trabalho coletivo na escola;
- o resgate da identidade do educador;
- a interação comunidade-escola como espaço de valorização e recriação da cultura popular.
Seguindo esses tópicos o conjunto escola/professor poderá promover um aprendizado significativo, ligado à realidade e favorecerá uma construção do conhecimento centrada no educando e na formação de um cidadão mais ligado a ações sociais.


8 A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO FACILITADORES DE APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Lisete; Timm (2007) afirmam que é preciso uma conscientização de que os sujeitos, ao aprenderem, não o fazem como puros assimiladores de conhecimentos, mas sim que, nesse processo, existem determinados componentes internos que não podem deixar de ser ignorados pelos educadores.
Não é necessário ressaltar a grande importância da solução de problemas, pois vivemos em um mundo o qual cada vez mais, exige que as pessoas pensem, questionem e se arrisquem propondo soluções aos vários desafios os quais surgem no trabalho ou na vida cotidiana.
Para a aprendizagem é necessário que o aprendiz tenha um determinado nível de desenvolvimento. As situações de jogo são consideradas parte das atividades pedagógicas, justamente por serem elementos estimuladores do desenvolvimento. É esse raciocínio de que os sujeitos aprendem através dos jogos que leva a utilizá-los em sala de aula.
“[...] um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver'' (BRASIL, 1998, p. 48-49).
A utilização de jogos e desafios nas aulas de matemática tem mostrado a sua importância como metodologia de ensino é eficaz para a construção do saber matemático quando convenientemente planejados.
Para Machado (1992, p. 40), quando se analisa o papel dos jogos nas atividades didáticas, muito freqüentemente, duas dimensões sobressaem a todas as outras: a lúdica em sentido estrito, com ênfase no divertimento, na brincadeira, na arquitetura das estratégias vencedoras, e a que dizem respeito aos aspectos prático-utilitários envolvidos (jogos para introduzir certos temas tais como frações, ou para exercícios de fixação).
O autor também defende que como atividade didática, os jogos dizem respeito à aceitação de desafios em conteúdos escolares, sobretudo nas avaliações e ao desenvolvimento em sentido amplo da capacidade de projetar além de motivar os alunos para participação nas aulas de matemática.
Os jogos quando preparados de acordo com as matérias dadas são grandes auxiliares, capazes de tornar as aulas mais compreensíveis, dinâmicas e participativas tirando da matemática o peso de ser um bicho de sete cabeças, pois uma vez que ela é aprendida com brincadeiras, o raciocínio flui com maior facilidade e com pensamentos independentes e auto confiança e conseqüentemente os resultados no binômio ensino / aprendizagem são otimizados.
Jogar em matemática é uma alternativa eficaz para aumentar a motivação, para a aprendizagem, para aumentar a autoconfiança, a concentração, o raciocínio lógico-dedutivo além de desenvolver a cooperação entre o grupo uma vez que os jogos devem ser preferencialmente escolhidos de forma a estimular o trabalho em grupo para que um aluno possa ajudar o outro minimizando as dificuldades e as diferenças entre os alunos promovendo com isso a socialização do grupo e a interação dos alunos.
Partindo desse princípio, os jogos e os desafios matemáticos devem ser inseridos nas salas de aula e os professores devem investir planejamento e tempo na preparação desses materiais com planos de ação inteligentes e estimulantes, uma vez que eles podem garantir resultados positivos e rápidos na qualidade do ensino proporcionando aos alunos o gosto pela disciplina e uma mudança radical na rotina da classe, despertando com isso o interesse dos alunos que são inseridos nesse contexto, uma vez que a aprendizagem torna-se um processo interessante, e divertido fugindo da rotina cansativa do quadro negro, giz e exercícios repetitivos e mecânicos, podendo ser utilizado para iniciar uma matéria, para reforçar a aprendizagem, para esclarecer dúvidas, como revisão das matérias dadas para um nivelamento do grupo e para desfazer bloqueios de determinados alunos ou de determinadas matérias.
Através do jogo educativo que caracteriza o aprender pensado e não mecanizado, pode-se observar uma maior interação dos alunos envolvidos, uma melhor concentração, uma maior rapidez e precisão no raciocínio, desenvolvimento do caráter social de ajuda mútua e cooperação e um nível menor de stress relacionado à rotina escolar.
De acordo com Lisete; Timm (2007), os jogos, se convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático.
Neste sentido os autores verificam que há três aspectos que por si só justificam a incorporação do jogo nas aulas.
São estes:
- o caráter lúdico,
- o desenvolvimento de técnicas intelectuais,
- a formação de relações sociais.
Jogar não é estudar nem trabalhar, porque jogando, a aluno aprende, sobretudo, a conhecer e compreender o mundo social que o rodeia.
Os jogos podem ser utilizados para introduzir, amadurecer conteúdos e preparar o aluno para aprofundar os itens já trabalhados. Devem ser escolhidos e preparados com cuidado para levar o estudante a adquirir conceitos matemáticos de importância.
Os jogos devem ser utilizados não como instrumentos recreativos na aprendizagem, mas como facilitadores, colaborando para trabalhar os bloqueios que os alunos apresentam em relação a alguns conteúdos matemáticos.
O trabalho com jogos matemáticos em sala de aula nos traz alguns benefícios:
· auxilia na detecção dos alunos que estão com dificuldades reais;
o aluno demonstra para seus colegas e professores se o assunto foi bem assimilado;
existe uma competição entre os jogadores e os adversários, pois almejam vencer e para isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites;
durante o desenrolar de um jogo, observa-se que o aluno se torna mais crítico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando conclusões sem necessidade da interferência ou aprovação do professor;
não existe o medo de errar, pois o erro é considerado um degrau necessário para se chegar a uma resposta correta;
o aluno se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que aprenda sem perceber (LISETE; TIM, 2007).
Guzmán (1986), expressa muito bem o sentido que essa atividade tem na educação matemática: ''O interesse dos jogos na educação não é apenas divertir, mas sim extrair dessa atividade matérias suficientes para gerar um conhecimento, interessar e fazer com que os estudantes pensem com certa motivação''.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muito ainda se tem por fazer para que a matemática seja vista sob outra ótica tanto do ponto de vista dos alunos como dos professores.
A matemática por muitos anos foi trabalhada de forma teórica, cansativa, decorativa, estática, mas muito tem sido feito para reverter esse quadro.
A didática voltada para a matemática está com um formato inovador, incluindo jogos, dinâmicas, olimpíadas, atividades participativas que tornam o processo ensino / aprendizagem muito mais divertido, menos cansativo e apresentando uma característica ímpar no fortalecimento da autonomia e auto confiança dos alunos, e também em seus desenvolvimentos intelectuais e cognitivos.
A matemática é uma fonte inesgotável de informações a serem descobertas e aplicadas em prol do desenvolvimento da ciência, da tecnologia, e para que essas informações sejam assimiladas e bem transformadas torna-se primordial que seja quebrado o preconceito que torna a matemática inacessível a muitos.
É vivenciando a Matemática como presente e fundamental ao dia-a-dia e, mostrando em sala de aula a sua necessidade real e facilitando para que seu aprendizado seja prazeroso que ela se tornará uma disciplina mais atraente e capaz de despertar um interesse maior dos alunos pela sua aprendizagem.
Esse estudo pode contribuir bastante para a construção de uma nova realidade em sala de aula, bem como para a construção de novos alunos, que vivenciarão a matemática em prol do desenvolvimento da inteligência, da perspicácia, da resolução de problemas, da capacidade de raciocinar e principalmente na construção da auto confiança que se tornará peça fundamental para o crescimento desses alunos como livres pensadores e construtores de uma sociedade mais digna e justa para todos.